A cidade de Teixeira de Freitas (BA) está diante de uma crise moral e institucional que atinge diretamente seus pilares mais sensíveis: os profissionais da saúde pública. Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de Combate às Endemias (ACE) se uniram em um clamor que reverbera muito além dos limites do município. Em frente ao gabinete do prefeito Marcelo Belitardo, popularmente conhecido como “Capa Preta”, o protesto ganha corpo, alma e uma mensagem direta: “Cadê o dinheiro que é nosso por direito?”
Esses profissionais são parte viva do SUS, conhecidos e respeitados por cada morador. Estão nas ruas, nos becos, nas casas, nas unidades de saúde — enfrentando desde epidemias até o abandono crônico da gestão municipal. Agora, são eles os negligenciados. Direitos conquistados com suor e luta estão sendo desrespeitados de forma flagrante, em desacordo com a legislação vigente.
A denúncia é grave e está sendo conduzida por entidades como o SINDACESB, CONACS, FEDACSE-BA e CUT-BA. Segundo os representantes da categoria, a Lei Municipal nº 1.197/21 não vem sendo cumprida. O Incentivo Adicional de 2024, recurso federal carimbado, deveria ter sido pago até o final de junho. O montante chegou, mas nunca chegou ao bolso dos trabalhadores. Um desvio de propósito que revolta e mobiliza.
Além disso, valores do cofinanciamento federal enviados em janeiro deste ano — mais de R$ 300 mil — sumiram misteriosamente. Até hoje, os beneficiários diretos não viram a cor desse dinheiro. Somado a isso, o reajuste salarial garantido por lei está há cinco anos engavetado, num verdadeiro congelamento de direitos. Para completar o cenário caótico, as UBSs estão deterioradas, com estrutura precária e falta de insumos básicos.
A indignação é coletiva e crescente. Enquanto o prefeito foge do debate, os trabalhadores batem à porta da responsabilidade. Não pedem favores — exigem justiça. E a cidade assiste, atenta, ao embate entre o poder e os verdadeiros heróis da saúde.
